Mioveni, a pequena e constante zebra do futebol romeno

Em um futebol romeno no qual surgem e desaparecem clubes com uma frequência assustadora até para quem já está acostumado, é difícil que haja alguma constância, alguma solidez de desempenho, principalmente dos menores clubes. Quem se torna uma das belas exceções no assunto é o Mioveni, pequeno clube fundado em 2000 no município homônimo de pouco menos de 30 mil habitantes. Além de dois acessos à elite, campanhas heroicas na Copa da Romênia e novas lutas pela subida ano após ano tornam o pequeno time verde-amarelo algo especial.

Para angariar uma torcida de massa, que não se tem, também não é fácil. A apenas 132 quilômetros de Bucareste e a meros 16 de Pitești capital do distrito de Argeș, é muito mais óbvio torcer para times como FCSB, Dinamo ou Rapid. Em Pitești, a força é o tradicionalíssimo FC Argeș, que esteve inativo por alguns anos, mas conquistou o acesso ao Romenão em 2020.

Na pirâmide

Após disputar uma temporada na Liga IV, a quarta divisão, o clube se fundiu com o Dacia Pitești e pulou à Liga III. Questionável? Demais. Mas de qualquer forma, o Mioveni disputou a segundona pela primeira vez na temporada 2003-04, terminando no terceiro lugar do Grupo 2. Na época, a segunda divisão era disputada em 2 grupos de 16 times cada. Após conseguir a manutenção no meio da tabela nos anos seguintes, os verde-amarelos conseguem o acesso, sendo vice-campeões do Grupo 2, atrás apenas do Universitatea Cluj.

A campanha na elite foi de rebaixamento, mas longe de ser um saco de pancadas. Caiu em 16º de 18 participantes, à frente de forças mais tradicionais, como o UTA Arad e o próprio Universitatea Cluj.

Ao contrário do que se esperaria, o Mioveni não sucumbiu. Esteve perto do acesso em 2010, e em 2011 subiu por meio de vaga direta no terceiro lugar, após o vice-campeão, Bihor Oradea, não ter obtido a licença financeira para disputar a elite.

Se o Mioveni não foi saco de pancadas em sua primeira temporada no Romenão, foi saco de pancadas na segunda. Caiu com duas vitórias, seis empates e 26 derrotas em 34 jogos. O clube se mantém na segundona e briga pelo acesso a partir de 2015, se mantendo na parte de cima da tabela, ou, nas piores campanhas, no meio. Poucos times têm esta consistência na Romênia.

Em 2019-20, o Mioveni era o vice-líder da segundona quando houve a paralisação por conta da pandemia de Covid-19. Foi feito, no retorno do futebol, um grupo dos seis primeiros colocados, que disputaram em turno único o acesso. A equipe caiu para a terceira posição na última rodada. Podia apenas empatar com o Petrolul. Saiu vencendo por 1 a 0, mas sofreu a virada.

Assim, precisou disputar uma repescagem com o Chindia Târgoviște, lanterna da Liga I, para garantir o acesso. Após derrota por 2 a 0 fora de casa, empatou em 1 a 1 em Mioveni e perdeu a maior chance para o terceiro acesso de sua história.

Com a frustração, o prefeito de Mioveni, Ion Georgescu, chegou a anunciar que a prefeitura vai deixar de investir no clube, que é financiado principalmente pelo Executivo municipal. Até que haja alguma ação do tipo, o Mioveni segue firme e forte na segundona.

Copa da Romênia

O Mioveni tem um histórico interessantíssimo na Copa da Romênia, por muitas vezes chegando às oitavas de final. Em 2008, eliminou ACU Arad, Ceahlăul e Dinamo, sendo eliminado só nas semifinais, diante de um timaço do CFR Cluj, que se sagraria campeão sobre o Unirea Urziceni.

Em 2014-15, chegou às quartas de final, passando por Voluntari, Astra e Dinamo. A derrota foi novamente para o CFR Cluj, desta vez de virada, em uma partida com muita polêmica por falta de fair-play. Na época, o brasileiro Roberto Ayza falou sobre a campanha histórica do Mioveni em entrevista a O Craiovano. O CFR, por sua vez, seria eliminado nas semifinais para o arquirrival, Universitatea Cluj.

Os verde-amarelos voltaram às quartas na temporada 2016-17, deixando Păulești, Olimpia Satu Mare, e até o poderoso FCSB. A eliminação foi para o Voluntari, por 2 a 1, que se sagraria campeão.


Foto: CS Mioveni/Divulgação

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