Gheorghe Hagi anunciou sua saída do cargo de técnico do seu próprio clube, o Viitorul, em 1º de agosto. Foram 2.150 dias sendo o treinador do clube que ele mesmo fundou, em 2019, com o objetivo de revelar talentos importantes no futebol romeno. Na Romênia, inguém estava há mais tempo no mesmo clube. O Rei agora se dará novas tarefas nas categorias de base do clube, dando mais atenção à formação. Para a próxima temporada, o time profissional será treinado pelo espanhol Rubén de la Barrera, que foi técnico do Al Ahli-CAT e auxiliar técnico da Real Sociedad.
Missão na base
Quanto a revelar novos talentos, Hagi revelou quase incontáveis, dentre eles seu próprio filho, Ianis. A última convocação da seleção romena principal tinha oito jogadores revelados no Viitorul: Romario Benzar, Alin Toșca, Răzvan Marin, Alexandru Mitriță. Ianis Hagi, Tudor Băluță, Alexandru Cicâldău e Florinel Coman. São jogadores de elite mundial hoje? Não, mas são o que a Romênia pode fazer de melhor. Sem a estrutura exemplar construída por Hagi, o futebol romeno estaria passando por sofrimentos piores.
Confira entrevista com Hagi feita em 2015, em Craiova
Força importante
Se o foco é desempenho na equipe profissional, Hagi tornou seu próprio clube uma das potências do futebol nacional nestes quase seis anos. O Viitorul foi fundado em 2009, e fez sua primeira temporada na elite em 2012-13, garantindo a permanência com a ajuda de um jogo de compadres contra o FCSB. Ficou na 13ª posição. Em 2013-14, fica em 12º.
Hagi chega em setembro ao clube, mas não consegue fazer nada demais além de subir mais uma posição em relação à temporada anterior. O Viitorul deslancha de fato em 2015-16, garantindo o 5º lugar e beliscando sua primeira participação na Liga Europa.
Os títulos chegam na temporada seguinte. Com um time de futebol muito bem jogado, o Viitorul conquista é campeão romeno de 2016-17. terminando os play-offs em igualdade de pontos com o FCSB e roubando o topo da tabela na última rodada. Foi uma campanha histórica também para a região de Hagi e do Viitorul: Dobrogea, onde fica Constanța, jamais havia conquistado um título da primeira divisão, nem mesmo com o Farul, clube que revelou o maior jogador romeno da história.
No ano seguinte, Hagi leva seus garotos a mais uma boa campanha de 4º lugar. Em 2019, mais títulos: o da Copa da Romênia, vencido sobre o Astra Giurgiu, e o da Supercopa da Romênia, vencendo o então campeão da liga, CFR Cluj.
A última temporada de Hagi é menos feliz. Em 2019-20, a vaga ao play-off escapa na reta final, e o Viitorul se vê jogando o grupo de rebaixamento. Não passa o menor trabalho e lidera com folga, mas foi a pior campanha desde que o dono do clube havia assumido o comando técnico. Um dos destaques positivos foi Rivaldinho, o filho de Rivaldo, que vive fase muito boa no clube.
(Extra)campo
Partidas com resultados muito questionados pela imprensa romena trouxeram um estresse enorme a Hagi. Alguns setores o acusavam, diversas vezes, de manipular resultados em função de casas de apostas. O técnico ameaçou sair de cena diversas vezes, e em abril de 2017, durante a campanha do título, já se mostrava cansado com as especulações de que se envolvia com apostas. Até mesmo seu acesso à Liga I em 2012 é questionado, como o jornalista Costin Ștucan relata em entrevista a O Craiovano.
Ao longo do anos, Hagi também é material de meme na Romênia, com várias frases em entrevistas sendo consideradas pérolas, sendo pela maneira de se expressar ou por erros gramaticais.
Foto: Hagi comemora gol com Louis Munteanu em vitória sobre o Voluntari | Razvan Pasarica/Viitorul