O artilheiro dos oltênios no Romenão abriu o jogo para O Craiovano

Gustavo di Mauro Vagenin estava voltando de Bucareste quando concedeu a entrevista a’O Craiovano nesta segunda-feira, 6 de novembro, três dias após marcar os dois gols do CS Universitatea Craiova no empate contra o Astra Giurgiu em 2×2, no Marin Anastasovici. Tornou-se assim o artilheiro do time na Liga I, com 8 gols em 17 jogos.
Ele havia passado o fim de semana na capital romena, onde encontrou o atacante Rivaldinho, do Dinamo Bucareste, o zagueiro Érico da Silva, do Astra Giurgiu, e o veteraníssimo goleiro Pedro Mingote, que viveu grande fase no Pandurii Târgu Jiu e hoje defende o Juventus Bucareste. Além do trio lusófono, Gustavo pôde encontrar, pela primeira vez, o pai de Rivaldinho, e um de seus ídolos: Rivaldo. Em meio ao sinal de internet falho, às travações traiçoeiras do Skype e à viagem noturna, o brasileiro ficou quase uma hora num bate-papo bem descontraído e abriu o jogo com O Craiovano enquanto retornava a Craiova.
O “mirradinho” da base
O brasileiro de São Paulo-SP iniciou a carreira profissional no Pão de Açúcar (hoje Grêmio Osasco Audax), mas antes, passou pelas categorias de base de vários clubes, jogando futsal e futebol em alguns deles: Pinheiros, Corinthians, Portuguesa e São Paulo. “Também tive uma passagem rápida pelo Pequeninos do Jockey, fizemos uma excursão pela Escandinávia, em cinco países, ganhamos todos os torneios que disputamos”, lembra o meia e atacante. “Foi o Pão de Açúcar que abriu as portas pra mim. Porque como eu era um menino mirradinho, pequeno, eu fui mandado embora do São Paulo. E naquela época eles olhavam mais a estrutura física do jogador, pra ganhar os campeonatos. Agora que isso tá mudando”.
O corintiano Gustavo não se esquece da sua dispensa no São Paulo, e principalmente de quando foi campeão paulista sub-17 pelo Pão de Açúcar em 2008, eliminando o tricolor nas últimas fases. “Encontrei os jogadores grandes que estavam no meu lugar no São Paulo, ganhei, e foi uma conquista, sabe? Ver o pessoal do staff, vendo você, no outro time, o ‘pequenininho’ ganhando…”
O título daquele campeonato paulista sobre o Barueri também foi muito marcante por outro fator: o encontro com jogadores que se tornariam estrelas e o gol contra o Santos de Neymar fora de casa. “Ele já era badalado… Nem corria muito. É que ele já sabia que era bom, sabe? Não sei se ele tinha motivação de correr, de brigar. Naquela época também tinha o Casemiro e o Lucas [Moura] no São Paulo”.
O profissional e a carreira na Itália

Gustavo estreou na Série A-2 do Paulista com 18 anos, em 2010, disputando também a Copa Paulista de 2011, mas recusou a renovação do contrato proposta pelo Pão de Açúcar, por mais 5 anos. “Eu não queria ficar a vida toda no Pão de Açúcar. Tive propostas do Brasil, pra ir pro Cruzeiro, entre outros… mas eu queria ir para a Europa, aprender outras línguas, outras culturas”.
Com seu passaporte italiano, ele foi para a Itália, ainda aos 18 anos, para jogar na Salernitana, que buscava a redenção na quinta divisão após a falência, sob a batuta de Claudio Lotito, presidente da Lazio. Gustavo ajudou o clube nos acessos da quinta para a quarta divisão e da quarta para a terceira, e caiu nas graças da torcida. Após passagens por Novara e Lecce, o brasileiro atuou pelo Messina, na temporada 2015-16.
Sem falar o idioma no primeiro ano na Itália, Gustavo aprendeu italiano no país e estudou comunicação na Universidade de Salerno. E ainda chegou a ser convocado para a seleção universitária italiana. “Eu fui convocado, mas nunca joguei, porque eu tinha que estar há cinco anos na Itália ou meu avô deveria ser italiano. E no caso, era meu bisavô. Depois de seis meses de preparação, indo treinar, e tal, eles me avisaram uma semana antes da estreia que não iria rolar. Mas tudo bem, valeu a experiência, de conhecer, de vestir a camisa da Itália… Foi top”.
Mas, com a troca de clubes, as mudanças de cidade e a responsabilidade crescendo no futebol, a rotina acadêmica perdeu espaço para a rotina esportiva. Quando a logística começou a impedir os estudos e as provas, era hora de focar apenas no futebol.
Craiova

Após sucessivas lesões atuando pelo Messina no final de 2015, Gustavo focou na recuperação, e não voltou ao Brasil para visitar a família, como costuma fazer. O resultado foi boas atuações e oito gols de janeiro até o fim da temporada, em maio de 2016. Vieram propostas do Heart of Midlothian, da Escócia, do Sheriff Tirașpol, da Moldávia, e até do futebol de El Salvador. Mas a proposta que tirou Gustavo da Itália foi a do… Universitatea Craiova.
Aos 26 anos de idade, com contrato até 2019 e em sua segunda temporada pelo CS Universitatea Craiova, Gustavo atuou em todas as 20 partidas, somando oito gols, todos pelo Romenão. Na temporada, ele divide a artilharia com o xodó nº 1 da equipe, o camisa 10 Alexandru Băluță. Mas no campeonato nacional, ele é o artilheiro isolado do time, dois gols atrás do artilheiro da competição, Harlem-Eddy Gnoheré, do Steaua/FCSB. No total, já são 51 jogos pelo time de Craiova, com 13 gols marcados. Além disso, Gustavo esteve presente na seleção oficial do primeiro turno da Liga I. Ele e o argentino Juan Culio, do CFR Cluj, são os únicos estrangeiros eleitos.
O povo de Craiova e da região da Oltênia se autodenomina como os “brasileiros da Romênia”, fazendo o trocadilho prazilieni (mistura de praz com brazilieni. Praz em romeno é “alho-poró”, a principal cultura agrícola da Oltênia. Brazilieni, claro, significa “brasileiros”). Com seus gols importantes, a correria incansável em campo e as entrevistas concedidas no idioma romeno, o brazilian Gustavo já é um prazilian.
Na entrevista, o “craiovano” Gustavo falou sobre sua adaptação em Craiova, os jogos contra o Milan, sua temporada e seu futuro. No fim da matéria, você pode conferir a playlist com trechos do bate-papo.
O Craiovano – Como surgiu a proposta para jogar no Universitatea Craiova, e por que você aceitou ir para o futebol romeno?
Gustavo – Eu recebi muitas propostas, do Heart of Midlothian, da Moldávia…
O Craiovano – O time da Moldávia era o Sheriff?
Gustavo – Isso, era o Sheriff. Até de El Salvador eu tive proposta. Só que aí o Craiova tinha um projeto, toda uma estrutura que eles estavam apresentando pra mim. Tava mais interessante, até pela visibilidade. Acabei decidindo por vir pra Craiova… E gosto muito. Gosto muito da cidade, acho muito bonita, tem vários restaurantes legais…
O Craiovano – É massa, né? Eu acho bem legal.
Gustavo – Você já veio pra cá?
O Craiovano – Já, já, eu fui fazer o meu TCC aí. Achei muito legal. Eu gravei um documentário, no caso me formei em jornalismo. E era um documentário sobre o Craiova.
Gustavo – Ah, é, você me falou. Que da hora!
O Craiovano – Você já tinha alguma noção do país ou do clube?
Gustavo – Eu olhei… Você vê a história, você vê os títulos… A cidade… E o que me facilitou é que tinha um brasileiro no time, que é o Madson. E pedi pro diretor, “ô diretor, deixa eu falar com o brasileiro antes”, que eu quero saber como que é lá, da estrutura, se pagam em dia… E o Madson só me falou coisas boas do Craiova, aí eu acreditei no Madson e fui. E meu empresário também já tinha um conhecimento do campeonato romeno, falou que era uma vitrine, uma oportunidade grande, para dar um salto na carreira… E com certeza foi um salto na carreira, porque eu tava jogando na Série C na Itália, e lá é muito difícil de você dar um upgrade, sabe. É difícil de times de cima contratarem jogadores da Série C, geralmente os da B ficam ali revezando entre eles. Então essa mudança foi muito importante pra mim.

O Craiovano – Como sua família viu a mudança para o Craiova?
Gustavo – Minha mãe e minha família querem que eu vá sempre onde seja melhor pra minha carreira. Foi uma luta de todos, todos me apoiaram sempre. Acabei largando escola particular para estudar em escola pública, porque tinha que treinar de manhã e de tarde e estudar à noite, em escola pública. E na Série C [da Itália] eu ia ficar acomodado. Todos os melhores times da Série C me queriam: Catania, Modena… Então pra eu dar um salto na minha carreira eu tinha que ir pra Romênia, numa primeira divisão, ganhar visibilidade… E depois tentar algo maior ainda, mas vai acontecendo naturalmente.
O Craiovano – Eu estou enganado ou você se mudou para Craiova com seu irmão?
Gustavo – Em Craiova moro sozinho. O meu irmão mora em Sófia [capital da Bulgária], fica a 4h daqui. É pertinho, foi uma coincidência, porque foi assim: Eu tava na Sicília. Ele tava morando em Lisboa. Aí ele recebeu uma proposta de trabalho na Bulgária, em Sófia. Eu recebi em Craiova, e aí juntou. Foi bem bacana, ficamos bem pertinho um do outro.
O Craiovano – Você chegou após uma temporada conturbada do time, a 2015-16, quando eu estive em Craiova e pude ver mais de perto. Ali você encontrou um técnico recém-chegado, o Mulțescu. E teve que buscar seu espaço. Como foi esse início?
Gustavo – Eu cheguei na semana anterior ao jogo de estreia, no ano passado. Então eu não fiz a preparação com eles na Áustria, então pra você se entrosar, pegar ritmo de jogo, demora um pouco. E o time tava ganhando as partidas no início, então era mais difícil mexer para alguém ganhar oportunidades. Eu tinha visto minhas estatísticas do ano passado, e se não me engano fiz 25 partidas pelo clube, com cinco gols. E na média de gols por minuto eu era o melhor. E aí eu pensei, “pô, se eu jogar mais tempo, com certeza vou fazer mais gols”. E é o que tá acontecendo agora, ainda bem.
O Craiovano – Em 2017-18, saiu o Mulțescu e veio o Mangia, técnico italiano. Como está sendo para o time?
Gustavo – O upgrade desse ano foi isso. O italiano chegou e chegou organizando as coisas no campo e fora do campo. Mas tudo mesmo. Coisas do clube… Aulas de romeno, aulas de inglês pra quem não fala inglês, entre outras coisas. E ele tá me dando a oportunidade, e eu to agarrando… E não pode amolecer, porque tem muita gente boa, muito jogador bom.
O Craiovano – Naquela última temporada, 2016-17, o time acabou oscilando, perdeu um pouco de fôlego. Tanto que só foi assegurar a vaga para os play-offs na última rodada, contra o Gaz Metan, naquele gol do Bancu. Tem a ver com os cortes do quarteto Nuno-Madson-Acka-Kay, vai muito pra conta do Mulțescu isso?
Gustavo – Houve uma oscilação, foi culpa dos jogadores, mas… Não sei se por terem saído quatro jogadores que eram essenciais pro time… Porque você tira quatro jogadores, você desestabiliza o time… Mas… É culpa de todo mundo, né. Não tem como apontar o dedo pra uma pessoa só.
O Craiovano – Mas no fim das contas você avalia positivamente a primeira temporada no clube?
Gustavo – Foi uma experiência muito legal… Eu me sinto mais maduro agora do que na primeira temporada. Porque antes você sentia um pouco de emoção, assim, “pô, vou jogar na Arena em Bucareste contra o Steaua…” é tudo meio novo. Me sinto mais evoluído agora nesse sentido.
O Craiovano – Nesta nova temporada, você “perdeu” a camisa 10 para o Băluță, que é um xodó absoluto da torcida, e você ficou com a 7. Como foi isso?
Gustavo – Não, o presidente [Marcel Popescu] só me pediu, pessoalmente, para trocar o número com o Băluță, ainda na pré-temporada na Áustria. Aí eu disse “não, presidente, não tem problema não, eu vou fazer mais gols com a 7 do que com a 10”. E foi verdade, já fiz. Mas levei na esportiva, isso aí não tem problema nenhum.
O Craiovano – Os salários no futebol romeno são bons? Você tem recebido em dia? Porque esse é um problema recorrente no futebol romeno.
Gustavo – Tem clubes que pagam mais, outros que pagam menos… Acho que quem mais investiu foram o Steaua e o [CFR] Cluj… Mas não tive nenhum problema com salários atrasados, pagam sempre em dia, são super corretos.
O Craiovano – Não tem como não falar desta temporada sem falar dos dois jogos contra o Milan. Como foi para você voltar à Itália, jogar no San Siro? Vocês viam alguma hipótese de passar de fase? A história poderia ser outra o se o Mitriță não tivesse perdido aqueles dois gols cara a cara com o Donnarumma?
Gustavo – Então, pra mim foi uma emoção tipo… Única, absurda. Quando saiu no sorteio o Milan, é claro que você pensa “ih… Puta m… Vai ser difícil pra caramba, quase impossível, não sei o quê…” Mas você fica com aquela vontade, você só pensa nisso, a semana inteira pensando “pô, vamos pegar o Milan, vamos pegar o Milan”. E você acaba entrando muito concentrado no jogo. E todo mundo entrou muito bem no jogo. Até em casa, a gente teve oportunidade de fazer gol com o Mitriță, tudo… E no jogo de casa a gente já viu que não era assim também, não era impossível, entendeu? Então a gente perdeu de 1×0 na bola parada. E a gente foi pra Milão com aquele pensamento de “até dá”. Mas aí eles acabaram fazendo dois gols. Mas a sensação é muito boa, 70 mil pessoas no estádio… É de arrepiar, mas eu particularmente, quando entro no estádio, não presto atenção em nada, não escuto nada. Quando você tá tão concentrado no que quer fazer, nem sofre muito a pressão.

O Craiovano – Eu queria te pedir desculpas se essa pergunta for indelicada: seu primeiro gol nesta temporada, contra a Poli Iași, teve uma comemoração diferente: você apontou os dedos ao céu, falou “papai” e prestou uma continência. Queria saber a história por trás desta comemoração, sobre seu pai…
Gustavo – É, então… Eu perdi meu pai recentemente. dia 20 de maio. E a estreia acho que foi dia 4 de julho [14], tinha passado um mês, um mês e pouco. Então… Até… Eu… É, não passa, essa dor, né… Essa dor é muito difícil. E eu já tinha certeza que o primeiro gol eu ia fazer pra ele, ia fazer o símbolo do comandante, porque ele era piloto de avião, né. Então ajoelhei, fiz o símbolo do comandante, apontei pra ele, falei que o gol era pra ele… E… Não só aquele gol, mas também todos os gols são pra ele.
O Craiovano – Você chegou até aqui com oito gols na temporada. Acabou igualando um recorde pessoal, certo?
Gustavo – Sim, igualei. Meu recorde era oito. Eu fiz sete gols em duas temporadas seguidas em Salerno… E no Messina eu bati o recorde, fiz oito. E agora de novo oito. Só que tem muito mais jogos pra jogar agora (risos), tem que passar disso aí!
O Craiovano – Eu vejo que o grupo com o Mangia tá bem unido, ele sempre passa o papo de que está só pensando no próximo jogo, e tal. Mas, sinceramente, se pensa em título?
Gustavo – Pensa jogo por jogo, né. Porque se ficar pensando lá na frente, olhando pra tabela, você acaba se iludindo. São coisas até que acontecem recentemente. A gente ganha quatro jogos, já dá uma iludida, pensa que vai ser mais fácil, e aí acaba tomando. Então tem que ser objetivo por objetivo, e depois ver o que acontece lá na frente.
O Craiovano – Embora o time esteja muito bem, houve alguns erros no percurso. Não tem como não lembrar o empate suado em Severin com o Dinamo e as derrotas para o CFR Cluj e para o Steaua FCSB, e estes dois são concorrentes diretos pela liderança, é o tipo de jogo que o time não pode mais perder se quiser mesmo o título. O que aconteceu contra o Steaua FCSB? Por que o time entrou tão desligado? [O time perdeu por 5×2 jogando como mandante em Turnu Severin, em 29/10]
Gustavo – A gente tinha jogado a Copa [da Romênia] na quarta-feira anterior, então… Não é que a gente estivesse cansado, mas a gente tinha jogado três jogos em uma semana: campeonato-copa-campeonato. Mas faltou, faltou concentração, mas sei lá… A gente teve muito erro técnico. E no jogo de ida, lá em Bucareste, a gente foi mais com uma estratégia de esperar eles, jogar fechadinho, e tudo. E em casa a gente meio que adotou uma outra estratégia, de mais pressão, de ser agressivo, e tudo mais… E talvez isso prejudicou a gente um pouco. Mas a gente ainda vai ter a volta, no play-off. Vamos pegar eles.
O Craiovano – Você vê problemas na defesa do time hoje? Porque enquanto você está fazendo um baita trabalho com Băluță, Burlacu e Mitriță lá na frente, a defesa parou de fazer o bom trabalho que estava fazendo e agora está levando muitos gols. O time tem feito muitos gols e tomado muitos também.
Gustavo – É uma equipe. Se eu faço gol, é porque o zagueiro fez bem a saída de bola, com o lateral, o lateral continuou… E se o atacante não marcar, não correr, o cara chega mais fácil pra fazer o gol. É um conjunto, não tem essa de “a defesa não tá bem”. É um conjunto que tem que trabalhar mais, acertar tudo. Não é coisa de um setor só.
O Craiovano – E como está sua relação com a torcida?
Gustavo – Meu relacionamento com a torcida é muito bom. Eu tenho a página no Facebook, no Instagram… Eu sou até que um pouco ativo aí nas redes sociais, e eles mandam sempre mensagens…

O Craiovano – É que a impressão de quando eu fui aí é de que o pessoal é muito corneteiro. Se ganha, tá tudo ótimo, se perde, já vira crise, caça às bruxas…
Gustavo – Ah, isso sim, mas a gente tá acostumado, não tem… Eu não me abalo. Mas sabe o que é? É que a gente não conseguiu também ver a torcida do Craiova dentro do estádio, porque a gente tá jogando em Severin [a 111km de Craiova]. Agora com o estádio novo a gente vai sentir uma outra atmosfera, jogando em casa… Já tem 10 mil ingressos de temporada, então vai ser outra coisa.
O Craiovano – Não sei se você já ouviu falar, mas o tema do meu TCC gira muito em torno disso. Existe hoje, na quarta divisão, um time chamado FC U Craiova…
Gustavo – É, o FC U Craiova.
O Craiovano – Exato. Você vive algum clima diferente na cidade em torno disso, alguém já te abordou e disse que você está jogando para o “CSU”, que é um “clone”, algo assim?
Gustavo – Sim, sim… Tem muita rivalidade entre os dois times, porque… Aconteceu o que aconteceu, né… Um faliu, aí o outro pegou títulos do FC, não sei o quê… E tem muito confronto de torcidas pela web, né, pelo Facebook… Tem muita rivalidade sim.
O Craiovano – É que já me encheram muito o saco, teve uma vez que eu fui gravar um treino do CS Universitatea e o pessoal do FC Universitatea ficou me xingando, incomodando no Facebook…
Gustavo – Ah, é… Às vezes aparecem uns, dizendo “é clone”, não sei o quê, me xingam… Mas aí tem que bloquear, né… porque ficar tomando “xingo” lá também não dá (risos). Aí já bloqueia logo… Mas é isso, a gente acaba perdendo bastante torcedor, e é um pecado isso, se ficassem todos juntos o Craiova seria maior, teria mais força com torcida…
O Craiovano – E a estreia no novo estádio Ion Oblemenco? Como está a espera? Vocês chegaram a treinar no estádio, né.
Gustavo – Demorou bastante. A gente fez um treino, pra conhecer o estádio… E a gente vai estrear agora, vai fazer a abertura no dia 10, vai ter um amistoso, com abertura, show, não sei direito… Contra o Slavia Praga. E depois vai ser contra o Juventus Bucareste, no dia 18, já valendo. Eles queriam estrear contra o Steaua, mas acabaram decidindo que não, e ainda bem, né. Porque tomar 5×2 na estreia ia ficar feio.
O Craiovano – Você torce pro Corinthians no Brasil, né?
Gustavo – Torço pro Corinthians, inclusive ontem assisti ao jogo ao vivo, no iPad, contra o Palmeiras… (risos) Ganhamos… E acho que vai ser campeão, né. Desde moleque eu ia no estádio, com o Bruno [irmão], com o meu tio… Então é amor mesmo.
O Craiovano – Você acompanha o futebol romeno? De que jogadores você mais gosta?
Gustavo – A gente acompanha, porque durante a semana a gente acaba vendo os vídeos também, o técnico mostra vídeos para estudarmos… Então a gente acaba conhecendo vários jogadores. Mas um que me impressionou muito foi o [Ciprian] Deac. Ele e o [Dan] Nistor [os dois jogam no CFR Cluj].
O Craiovano – Há muitos outros brasileiros jogando na Romênia. Dois deles estavam no jogo contra o Astra, o Marquinhos e o Erico. Com quais dos brasileiros você já teve contato? Há uma relação diferente com esse pessoal?
Gustavo – Eu tive contato com o Madson, que tava no mesmo time que eu, então somos muito amigos… Eu tive também o contato do Rivaldinho, porque ele, antes de vir pra cá, me ligou pra ter mais informações da Romênia, e ficamos muito amigos também. O filho dele, inclusive, nasceu ontem, a gente foi tomar um café hoje, o Rivaldo tava lá, conheci o Rivaldo, fiquei super feliz… Um ídolo, né? E conheço o Erico.. O Eric também, de jogar contra… O Eric tem uma história bem bonita aqui, né.

O Craiovano – Com quem você se dá melhor no Craiova hoje?
Gustavo – O Tiago [Ferreira] é meu companheiro de quarto, e é português, fala a mesma língua, então a gente tá sempre junto. Mas no ano passado também tinha o Pedro Mingote, que era o parceiro de quarto também… Mas me dou bem com todos os romenos. E tem búlgaro, croata, suíço, italiano… Me dou bem com todos.
O Craiovano – E o que você vê no futuro da sua carreira?
Gustavo – Eu quero crescer na minha carreira. Quero me concentrar neste campeonato, é o que eu to fazendo, pra quem sabe um dia poder ir para um campeonato melhor, num país com campeonato ainda mais forte, como a França, Espanha, até a Itália…
O Craiovano – E no Brasil? Você pensa em atuar aqui?
Gustavo – No Brasil…
O Craiovano – Se o Corinthians te faz uma proposta hoje…
Gustavo – Ah, no Corinthians eu jogo até de graça. Mas eu sei que é bem difícil aí no Corinthians… Mas não sei. No Brasil não tenho boas referências, falam que na Série B não pagam, os clubes não pagam, tem sempre aquele problema. E a concorrência é bem grande, todo mundo joga futebol aí.
O Craiovano – Valeu, Gustavo! Gostaria de te agradecer muito pela paciência, e de te desejar ainda mais sucesso daqui pra frente. Vamos seguir te acompanhando. Abraço!
Gustavo – Imagina, João! Obrigado pela torcida, foi um prazer ter te conhecido. Muito sucesso aí também na tua carreira e parabéns pela página, que tá muito legal com as matérias e com tudo.