Não é novidade para ninguém que jogadores brasileiros estão espalhados nos mais diversos países, e na Romênia não é diferente. Há anos, jogadores brasileiros se destacam no Romenão. Alguns têm uma rápida passagem, uns saem pela porta dos fundos, outros fazem da Romênia uma rampa de lançamento para voos mais altos, e há até mesmo aqueles que se tornam ídolos.

Um dos melhores exemplos de ídolo brasileiro na Romênia é o atacante Wesley Lopes da Silva. Na temporada 2011-12, ele se tornou o primeiro artilheiro estrangeiro do campeonato na Romênia pós-comunismo: foram 27 gols nos 33 jogos em que esteve em campo com a camisa do Vaslui, um dos principais clubes do país nos anos 2000, hoje extinto. O outro estrangeiro artilheiro foi Gregory Tadé, pelo CFR Cluj, na temporada 2014-15, com 18 gols. E no século XXI, ninguém fez mais gols do que Wesley em uma única edição do Romenão. Hoje aos 36 anos, aposentado, Wesley detém o recorde de maior artilheiro da história do Vaslui, com 77 gols. É também o maior artilheiro estrangeiro da Liga I, com 64 gols: 61 pelo Vaslui e 3 pela CSM Politehnica Iași, em sua curta passagem em 2014.

De lá para cá, diversos brasileiros fazem sucesso na Liga I. Entre chegadas e despedidas da Romênia, Eric de Oliveira é talvez o maior ídolo da história do Gaz Metan Mediaș, é uma lenda no Pandurii Târgu Jiu e hoje é treinado por Hagi, sendo uma das principais armas do meio-campo do Viitorul. Júnior Morais e William de Amorim, ambos atualmente no Steaua/FCSB, são pilares que construíram a potência que o Astra Giurgiu é hoje, conquistando todos os seus títulos e eliminando grandes clubes do ocidente na Liga Europa. Roberto Ayza fez uma carreira linda focada na segunda divisão do Romenão, sendo referência eterna do pequeno Mioveni. Chegou a levar o time às quartas-de-final da Copa da Romênia duas vezes, eliminando clubes como Steaua, Dinamo e Astra. Todos estes quatro foram contemporâneos de Wesley. Eric, Júnior Morais e William já foram seriamente cotados para a seleção romena, e Júnior Morais segue sendo.
A tradição brasileira na Romênia continua a todo vapor. O campeonato nacional teve o primeiro turno de sua fase inicial encerrado nesta semana e o Brasil é o país estrangeiro com mais gols até aqui: são 18 tentos, marcados por sete jogadores. O país mais próximo disso é a França, com apenas 8 gols marcados por Nouvier, Omrani (ambos do CFR Cluj), Gnoheré (Steaua/FCSB) e Le Tallec (Astra).

Gustavo, o incansável camisa 7
Ele saiu das divisões inferiores da Itália, onde tem cidadania, para se tornar artilheiro na Romênia. Atualmente, nenhum brasileiro fez mais gols do que o “craiovano” Gustavo. O meia baixinho, técnico, veloz e raçudo é peça-chave num ataque que é sensação do Romenão, tendo a companhia dos romenos Băluță e Mitriță. Já são 5 gols anotados pelo camisa 7, que chegou ao clube no na pré temporada de 2016-17 e está nas graças da torcida do CS Universitatea Craiova. É o artilheiro do time no campeonato, dividindo o posto com Băluță, e briga pelo topo no geral: os maiores goleadores até aqui têm 6 gols: são os romenos Paul Batin (Concordia), Laurențiu Buș (Botoșani) e George Țucudean (Viitorul). Na última temporada, o meia marcou cinco gols. Agora, bastaram três meses para chegar a esta marca.

Jô Santos, o artilheiro da Moldávia
O país chamado República da Moldávia é localizado na região histórica da Bessarábia. Lá, Jô Santos era peça importante no elenco do Sheriff Tirașpol, o clube mais bem-sucedido do país. O paraibano saiu de lá para chegar a cidade de Iași, a principal da região histórica chamada Moldávia, que é parte da Romênia, e se tornar o artilheiro da CSM Politehnica. O camisa 11 estreou saindo do banco para marcar o gol da virada sobre o Dinamo, aos 49 do segundo tempo. E não parou por aí. Desde então, a titularidade está garantida. Com 8 jogos e 4 gols, Jô Santos é o artilheiro da CSM Politehnica Iași no Romenão.

Eric de Oliveira, o medalhão de Hagi
Um dos maiores ídolos estrangeiros no futebol romeno, Eric teve que deixar seu time de coração no país, o Gaz Metan Mediaș, após uma boa segunda passagem. A péssima situação financeira do clube e a tragédia anunciada que seria a luta contra o rebaixamento em 2017-18 não condiziam com as ambições do ídolo: se tornar o maior artilheiro estrangeiro da história da Liga I, ou seja, ultrapassar o compatriota Wesley. Aos 31 anos, o meia acumula 52 gols por Gaz Metan, Pandurii e Viitorul, e luta com o atacante bósnio Golubovic (que hoje joga no Gaz Metan). Faltam 12 para igualar o recorde.
Com a crise em Mediaș, quem se deu bem foi Gheorghe Hagi, que contratou o brasileiro para ser referência para a molecada do Viitorul. Após um começo conturbado, Eric desencantou. Marcou 3 gols nesta temporada: dois golaços de fora d’área com seu potente pé esquerdo, contra Concordia e Steaua/FCSB, e um contra o Juventus, num cabeceio típico de centroavante. Já com a moral do primeiro gol, o brasileiro, que havia chegado com a camisa 27, teve a personalidade de pedir a 10 ao “mister” Hagi, o maior 10 que a Romênia já teve. Foi atendido. Hoje, o Viitorul se recupera de um péssimo começo, começa a sonhar com a parte de cima da tabela, e muito disto se deve a Eric de Oliveira.

Rivaldinho, das críticas ao respeito
Rivaldinho chegou sendo usado como chacota no Dinamo Bucareste, no começo deste ano. Ao chegar, o atacante se atrapalhou, dizendo não conhecer Hagi, o maior jogador do país. As opiniões dos torcedores estavam divididas, muitos viam com desconfiança a contratação. A sombra de seu pai ainda o incomodava, como sempre o incomodou no Brasil. Através de trabalho, dedicação e personalidade, o camisa 9 do Dinamo calou todos que duvidavam dele e se tornou um respeitado atacante, com chute potente e cabeceio apurado. Por enquanto, são 3 gols no Romenão, além do golaço marcado na Liga Europa contra o Athletic Bilbao, que garantiu o empate dos Cães Vermelhos numa Arena Națională lotada, contando com Rivaldo nos camarotes.

William de Amorim, em busca do futebol perdido
O atacante de 25 anos já é um cidadão romeno. Já está há sete anos lá, desde que o Astra Giurgiu era Astra Ploiești. No Astra, foi um dos melhores estrangeiros em atividade no país, ajudou o clube a conquistar Copa, Supercopa e Romenão, títulos inéditos para o pequeno (hoje médio, sejamos francos) time de Giurgiu. É um dos principais nomes da história do clube, com quase 200 jogos disputados. Mas após sua transferência para o Steaua/FCSB, no fim de 2016, as coisas mudaram um pouco.
Lesões e fases ruins afetaram William de Amorim, a ponto de ele ter ficado sem marcar um gol sequer por quase oito meses. Criticado pelo patrão extravagante, excêntrico, bizarro louco Gigi Becali, foi afastado do time principal. Mesmo para um atacante de lado de campo, é incômodo. A zica acabou em 17 de setembro, no gol que abriu o placar do Steaua/FCSB sobre o Gaz Metan Mediaș, terminado em 4×0. Que venham mais.

Marquinhos, de volta à Romênia para voltar aos bons tempos
O ponta-esquerda Marquinhos jogou no Oțelul Galați durante quase um ano e meio, entre 2013 e 2014. Foi um jogador importante naquele time que ainda era uma grande força no país, marcando 12 gols. Deixou o clube aos 22 anos e passou por Qabala, do Azerbaijão, River Plate-URU, J. Malucelli e Toledo. Em julho deste ano, assinou com o Astra, para voltar ao país em que teve sua melhor fase até agora. Marcou o gol da vitória sobre o Sepsi OSK por 1×0. Ao tentar um cruzamento com efeito pela esquerdaninguém alcançou e a bola foi colocada caprichosamente no fundo das redes.

Paulo Vinícius, segurança para o CFR Cluj (com gol também)
O site da LPF (Liga Profissional de Futebol) coloca Paulo Vinícius como português, mas apesar de ter passado a maior parte de sua carreira em Portugal, o zagueiro na verdade é de Cuiabá! E por isto, quase nos esquecemos do camisa 55 do CFR Cluj na lista. O experiente zagueiro de 33 anos teve o melhor período da sua carreira no Braga, onde ficou de 2011 a 2014. Veio do Apollon Limassol, do Chipre, para o CFR. Na Romênia, é peça importante na segunda melhor defesa da competição, armada pelo técnico Dan Petrescu, com apenas 9 gols sofridos. O cuiabano marcou o gol que abriu o placar na vitória sobre o Sepsi OSK com um cabeceio potente, como manda o manual.
Júnior Morais: menção honrosa pelos gols europeus
É difícil pensar em grandes laterais esquerdos na Romênia sem o nome de Júnior Morais aparecer na cabeça. O brasilo-romeno de 31 anos chegou às terras tricolores em 2011, direto para o Astra, saindo do Freamunde, de Portugal. Talvez ele nunca tivesse imaginado, mas iria se tornar um dos maiores jogadores da história do Astra e um dos principais estrangeiros a jogar em terras romenas. São mais de 250 jogos pelo Astra, conquistando Romenão, Copa e Supercopa.

O lateral chegou ao Steaua/FCSB no início da temporada 2017-18, depois de seis anos de Astra. Juntou-se ao bonde que tornou o que n’O Craiovano chamamos de “Êxodo do Astra”: Alibec, Budescu, Filipe Teixeira, Enache, William de Amorim, todos saíram do Astra para o Steaua/FCSB. E em seu novo clube, Júnior Morais marcou dois gols: um contra o Sporting, para dar fôlego aos romenos na partida do play-off da Champions League que acabaria 5×1 para os portugueses em Bucareste; e na fase de grupos da Liga Europa, o gol da virada sobre o Lugano, da Suíça, que garantiu o 100% de aproveitamento do Steaua/FCSB no Grupo G.
Confira os gols dos brasileiros ao fim desde primeiro turno do Romenão:
Outros gols estrangeiros no Romenão:
França: 8
Harlem-Eddy Gnoheré (Steaua/FCSB – 5), Bryan Nouvier (CFR Cluj – 1), Billel Omrani (CFR Cluj – 1) Anthony Le Tallec (Astra – 1)
Portugal: 5
Filipe Nascimento (Dinamo – 2), Diogo Salomão (Dinamo – 2), Pedro Mendes (Poli Iași – 1)
Argentina: 5
Juan Emmanuel Culio (CFR Cluj – todos de pênalti)
Espanha: 4
Urko Vera (CFR Cluj)
Cabo Verde: 3
Platini (Poli Iași)
Senegal: 3
Ibrahima Baldé (CFR Cluj)
Geórgia: 2
Akaki Khubutia (Gaz Metan), Nika Dzalamidze (Juventus)
Itália: 2
Roberto Romeo (Gaz Metan)
Uganda: 2
Luwagga Kizito (Poli Iași)
Bósnia e Herzegovina: 1
Bojan Golubovic (Gaz Metan)
Bulgária: 1
Hristo Zlatinski (CS Universitatea Craiova)
Camarões: 1
Anatolé Abang (Astra)
Croácia: 1
Damjan Djokovic (CFR Cluj)
Eslováquia: 1
Adam Nemec (Dinamo)
Polônia: 1
Piotr Polczak (Astra)
Sérvia: 1
Marko Momcilovic (Steaua/FCSB)
Suíça: 1
Ivan Martic (CS Universitatea Craiova)