

O FC Clinceni, equipe do distrito de Ilfov, a 20km da capital Bucareste, está em 4º lugar da Série 1 da Liga II, e está na reta final da sua luta rumo à elite do futebol romeno. Com 24 pontos, a equipe está com cinco a menos do que o vice-líder Rapid Bucareste, que não recebeu a licença da FRF por razões financeiras e está impedido de subir. Então, o Clinceni está a dois pontos da equipe mais próxima de subir, o Unirea Slobozia, que está na 3ª colocação.
Ainda na luta pelo acesso,o Clinceni (fundado em 2005 como ACS Buftea),deverá mudar de nome, cidade, escudo. Além disso, será fundado em 1953 e conquistará os campeonatos de 1971-72 e 1978-79. Ao menos é o que o presidente do clube, Dan Lazarescu, anunciou à imprensa romena na semana passada. Ele pretende migrar o time 130km a noroeste de Clinceni, rumo à capital do distrito de Arges, Pitesti, para assumir a identidade do tradicionalíssimo FC Arges, fundado em 1953 e bicampeão da Liga I. O Arges está extinto desde a temporada 2012-13, quando terminou a Série 2 da Liga II em 9º lugar.
O Arges foi tradicionalmente um clube que revelava bons e ótimos jogadores para o futebol romeno, como Adrian Mutu, Nicolae Dica, Adrian Neaga, Daniel Coman, Andrei Prepelita e Cristian Tanase. O maior ídolo do clube é o meia Nicolae Dobrin, um dos maiores jogadores da história da Romênia e que dá nome ao estádio de Pitesti, Jogou dos anos 60 ao início dos 80, antecipando as grandes gerações romenas das décadas de 80 e 90. E o Arges foi o primeiro clube romeno a vencer o Real Madrid. A vitória por 2×1 foi válida pela Copa dos Campeões Europeus, atual Champions League, em 25 de outubro de 1972
A migração do Clinceni consiste praticamente na realização de jogos mandados pelo clube no Estádio Nicolae Dobrin. “Vamos continuar com a base em Clinceni, vamos treinar também na comuna de Dragomiresti-Vale [no distrito de Ilfov], mas vamos jogar em Arges”, explicou Dan Lazarescu, presidente do FC Clinceni, ao Ilfovsport, site de esportes do distrito.
O jornalista Petre Cojocaru, do site Ora de Dolj, era torcedor do FC Arges desde que nasceu. Depois, adotou o Universitatea Craiova, e após os conflitos entre FCU e CSU, ficou do lado do FC U Craiova. “O FC Arges não existe mais. Será a mesma coisa que acontece com o Universitatea Craiova, a diferença é que o Arges não existe mais. A mudança do Clinceni para Pitesti é só outra coisa estranha do futebol romeno”, afirma Cojocaru a’O Craiovano. Sebi Raducu, do Romanian Soccer, também não acredita no retorno do Arges dos tempos de Dobrin: “O Arges de Nicolae Dobrin morreu. O que teremos será um novo Arges, um híbrido, como ACS Poli Timisoara. Pitesti não tem um bom time devido à falência do FC Arges original e o do lento desenvolvimento do SCM Argesul Pitesti financiado pelas autoridades locais. E o Clinceni não tem torcedores fieis. É marketing”.
Existe um outro clube em Pitesti atualmente, o chamado SCM Argesul Pitesti, projeto da prefeitura fundado em 2010, e que joga com as mesmas cores do extinto Arges. A equipe disputa a Liga III, e além de estar com quatro meses de salários atrasados, não tem mais chances de conquistar o acesso à Liga II. Na Copa da Romênia 2013-14, o Argesul foi eliminado pelo FC Universitatea Craiova na 4ª fase pelo placar de 2×1 em Pitesti.
O prefeito de Pitesti, Tudor Pendiuc, do PSD (Partido Social Democrata, de centro-esquerda, o mesmo da prefeita de Craiova, Lia Olguta Vasilescu), apoia a migração do Clinceni, e disse em coletiva de imprensa na última sexta-feira que dará tratamento especial ao clube: “Se o Clinceni vier, será o FC Arges e terá o mesmo tratamento que tinha o FC Arges, sendo nosso time de coração, com outra fórmula. Não discuti ainda com o Clinceni sobre o acesso, mas seria bom se viesse mesmo sem subir à Liga I. E vamos fazer uma relação de colaboração com o SCM Pitesti”, afirmou o político, que tem opiniões polêmicas também fora do futebol: Pendiuc apoia publicamente o extermínio de cães de rua, uma questão que tem sido muito debatida nos últimos meses no país.