
Erison da Silva Santos Carnietto nasceu em Feira de Santana, na Bahia, em 19 de janeiro de 1981. Jogou nas categorias de base do modesto Astro, de Feira de Santana, e da Portuguesa Londrinense, até chegar, em 1999, a um Vasco com Romário, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Ramón, Mauro Galvão. Um dos maiores times da história do Vasco, do qual Erison se orgulha de ter visto de perto e de ter feito parte. E era só o começo da carreira. O ex-volante passou por clubes em diversas partes do mundo. Brasil, México, Armênia, Romênia, Bulgária e Malásia. No México, fez até comercial de TV como dublê de Mike Tyson. Um dos grandes momentos na carreira de Erison foi na Romênia. Ele passou por Bihor Oradea, Pandurii Târgu Jiu e Politehnica Iasi, mas gostou mesmo foi de jogar no Universitatea Cluj, clube em que conquistou o acesso à Liga I em 2009-10.
Em 16 anos de carreira, Erison Baiano passou por 15 clubes. Aposentado aos 33 anos, Erison ainda tem propostas de voltar a jogar, mas prefere dar um tempo, e depois voltar a trabalhar com futebol. Morando em Londrina com a família, o baiano quer descansar. Nesta entrevista a’O Craiovano, Erison Baiano viaja no tempo para contar a sua história em detalhes, com saudade, mas orgulhoso de sua carreira.
O Craiovano – Erison, no Brasil, a sua passagem mais relevante foi no Vasco, em 1999-2000. Foi um dos maiores times da história. Quem te levou pro Vasco, e como foi sua passagem por lá?
Erison Baiano – Sim foi o time de maior expressão no Brasil, foi uma experiência sensacional conviver com craques como Romário, Juninho Pernambucano, Juninho Paulista, Mauro Galvão. Joguei ao lado do Morais, Wescley [ex-Juventude, atualmente na Ponte Preta] Coutinho [ex-Criciúma, Figueirense, atualmente no América-RN], Ygor [ex-Figueirense, Portuguesa, atualmente no Internacional], e fomos campeões cariocas invictos no sub-20. Até hoje tenho um enorme carinho pelo Vasco. Quem me levou para lá foi um grande olheiro, José Custódio, que descobriu Juninho Pernambucano, o Assis, irmão do Ronaldinho Gaúcho…
O Craiovano – Como surgiu a oportunidade de ir pro México? Você passou pelo Cruz Azul e pelo Guerreiros Acapulco. Foi uma boa fase na sua carreira?
EB – Um empresário me levou para fazer um teste no Acapulco, e lá eu joguei por duas temporadas. Depois, passei pelo Serpientes Coacalco e pelo Arroceros de Cuautla. No Cruz Azul fiquei apenas dois meses..
O Craiovano- Antes de passar pela Romênia, você foi pra Armênia, saindo da Portuguesa Londrinense. Poucas pessoas sabem do país e muito menos do futebol de lá. O que você conheceu da Armênia, e do Ararat Erevan?
EB – Verdade, é um pequeno país que faz fronteira com a Turquia, e é bem pouco conhecido no futebol, mas é um país de muito turismo por causa do monte Bíblico Ararat, e também pelas diversas construções e templos com desenhos e escrituras dos anos 800 a 500 a.C. O clube pro qual eu fui, o Ararat, era um dos times mais tradicionais do país por levar o nome do ponto mais conhecido. E fez historia no futebol quando em 1973 chegou às quartas-de-final da Champions League, na época com o nome de Copa dos Campeões da UEFA, e perdeu para o Bayern de Munique.

O Craiovano – Você passou por quatro clube tradicionais da Romênia. Universitatea Cluj, Bihor Oradea e Politehnica Iasi, além de ter jogado no Pandurii Targu Jiu. Qual destes clubes é o seu preferido?
EB – Sem duvidas o Universitatea Cluj. Eu fiz uma historia no clube, cheguei em 2008 na primeira divisão ,na metade do campeonato, e tive o prazer de jogar com o Fabio Bilica [ex-Grêmio, Goiás, Fenerbahce, seleção olímpica]. É um time com uma torcida e uma historia incrível. Mas, enfim, caímos para segunda divisão. Depois disputei uma temporada pelo FC Bihor [Oradea]e logo em seguida voltei a jogar pelo Universitatea Cluj, e fomos campeões da segunda divisão. É sem dúvidas o time onde mais fiz história. Acredito ainda estar entre os estrangeiros com mais jogos no clube.
O Craiovano – Você já jogou contra o Universitatea Craiova? O que você teria a falar desta equipe?
EB – Joguei em 2008, ganhamos de 2×0. Era um time muito bom… Eu quase fui jogar lá em 2010, antes de fechar com o Pandurii. Eu gostaria muito de ter jogado no U Craiova, a cidade é ótima também.
O Craiovano – Como aconteceu sua adaptação na Romênia? Foi fácil? Você chegou a aprender o idioma?
EB – Sim, foi fácil… Gostei muito, e tenho saudades de lá. Fiz vários amigos… Há torcedores que até hoje entram em contato comigo por email, Facebook, para saber como estou e para pedir para eu visitá-los, isso não tem preço. Aprendi bem o idioma, chegava a ajudar os estrangeiros novos do time. Eu dava entrevista, lia e escrevia em romeno.
O Craiovano – Você já conhecia o futebol romeno antes? Como você avaliaria o esporte de lá?
EB – Sim, já conhecia por causa do Hagi, do Mutu. O futebol é de muita força e tática, o nível é muito bom, foi o mais forte em que disputei. Além disso, há muitos jogadores bons que chegaram lá e não conseguiram se adaptar. Foi o caso do Elton, meia que saiu do Corinthians e não conseguiu jogar lá [saiu do Corinthians em 2007 para o Steaua Bucareste, indo para a Arábia Saudita após poucos meses]. A Romênia é um pais em que o campeão tem direito a uma vaga direta à fase de grupos da Champions League. Somente os países com futebol em alto nível têm esta vaga direta.
O Craiovano – Saindo de Iasi, você foi para o Slavia Sofia. Muitas pessoas tratam o leste europeu como uma coisa só. Você notou grandes diferenças entre o futebol romeno e o búlgaro?
EB – O futebol búlgaro é muito parecido sim com o romeno, mas a diferença é que não existem times tão fortes como na Romênia. São seis times com o nível muito bom e os demais corre por fora. Em 2011 cheguei na final da Copa da Bulgária, e perdemos para o CSKA Sofia.

O Craiovano – Você encerrou sua carreira na Malásia, jogando pelo Terengganu. Chegou a disputar a AFC Champions League por lá, não? Como foi o seu desempenho e o da equipe?
EB – Na Malásia foi um sonho! Tudo perfeito, temporada ótima, país lindo. Eu sou idolo na cidade até hoje… Simplesmente amei o tempo em que estive lá. A experiência de disputar uma Champions League da Ásia foi única e apaixonante. Ficamos em terceiro no campeonato, chegamos nas semi-finais da Copa da Malásia, e nos classificamos para a segunda fase da Champions. Na primeira, nos jogamos contra o Kitcheen, de Hong Kong, o Tampiners Rovers de Cingapura e contra o Song Long, do Vietnã.
O Craiovano – Você se aposentou relativamente jovem, com 33 anos. Por que?
EB – Realmente parei jovem. Até hoje tenho proposta para voltar a jogar. Nesta semana mesmo, chegou toda a documentação me convidando para ir jogar em Miami. Mas estou optando parar com o futebol profissional e me dedicar a família, aos amigos e uma nova carreira fora do futebol no momento. Mas tenho vontade de trabalhar com o futebol ainda.
O Craiovano – Você faria alguma coisa diferente na sua carreira? Gostaria de ter pendurado as chuteiras em outro clube?
EB – Na minha carreira não faria nada diferente. Sou extremamente feliz e agradecido com o que Deus me proporcionou. Foi um sonho realizado. Conhecer tantas pessoas e lugares… Fazer amigos em todas as partes do mundo, jogar na America do Sul, do Norte, na Europa e na Ásia, Conhecer 18 países… Quem viveu o que eu vivi não tem como querer mais do que isso. Deus me levou às alturas e me colocou em lugares em que eu nunca teria chegado sem a ajuda Dele.
Vídeos
Erison Baiano participou de alguns comerciais de TV no México até mesmo interpretando o boxeador Mike Tyson! Confira abaixo dois vídeos curiosos
Erison dublê de Mike Tyson, na chamada da SKY para uma luta do boxeador.
Propaganda do encontro da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) realizado no México em 2002.
Lances de Erison nos tempos de Universitatea Cluj